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Catolicismo em queda: apenas 56,7% dos brasileiros ainda seguem a Igreja Romana, revela censo

08/06/2025 - 08h13min

... Leia mais no texto original: (https://www.poder360.com.br/poder-brasil/catolicos-no-brasil-caem-em-12-anos-e-sao-567-evangelicos-tem-alta/) © 2025 Todos os direitos são reservados ao Poder360, conforme a Lei nº 9.610/98. A publicação, redistribuição, transmissão e reescrita sem autorização prévia são proibidas.

Brasil vê avanço expressivo de evangélicos e religiões afro-brasileiras, enquanto número de católicos continua a cair

O Brasil, historicamente conhecido como o maior país católico do mundo, vive uma transformação silenciosa e profunda em seu cenário religioso. Segundo dados do Censo de 2022 divulgados pelo IBGE nesta sexta-feira (6), apenas 56,7% da população brasileira ainda se declara católica — uma queda significativa em relação aos 82,9% registrados há 30 anos.

No mesmo período, o número de evangélicos disparou, ando de 9% para 26,9% da população. Pela primeira vez, um em cada quatro brasileiros se identifica como evangélico, consolidando um fenômeno que já vinha sendo observado nas últimas décadas.

Segundo a analista do IBGE, Maria Goreth Santos, o crescimento evangélico reflete um movimento mais amplo de presença social: “Nos últimos anos, temos visto uma presença crescente de evangélicos surgindo e se afirmando gradativamente na sociedade, se posicionando, expressando seus valores, ideias e fé.”

Esse avanço é percebido na mídia, na literatura e especialmente na política. Cantores gospel, influenciadores e autores evangélicos se tornaram ícones nacionais, enquanto personagens religiosos ganham espaço nas novelas. Já na política, os evangélicos se firmaram como uma das maiores bases do ex-presidente Jair Bolsonaro e agora representam um desafio ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que buscará reeleição em 2026. Entre os evangélicos, a desaprovação ao governo Lula chega a 66%, enquanto a média nacional é de 57%.

O antropólogo Juliano Spyer destaca que há resistência dentro do próprio governo à aproximação com o público evangélico: “Racionalmente, o governo entende que precisa se envolver com os evangélicos, mas, internamente, muitos líderes do partido de Lula ainda acreditam que a religião é coisa do ado.”

Outro dado relevante do censo é o aumento da diversidade religiosa no país. A parcela de brasileiros sem filiação religiosa dobrou em três décadas, ando de 4,6% para 9,3%. As religiões afro-brasileiras, historicamente marginalizadas e perseguidas, também mostram sinais de resistência e crescimento: o número de adeptos de umbanda e candomblé ou de 0,3% para 1% da população.

Esse avanço, segundo os pesquisadores do IBGE, pode refletir tanto uma migração de fiéis quanto um maior reconhecimento identitário, agora fortalecido por movimentos culturais e sociais contra a intolerância religiosa. “Nos últimos anos, vimos um movimento para celebrar a cultura afro-brasileira… com influenciadores, artistas e ativistas se identificando com essas religiões”, afirma Maria Goreth.

Os dados também revelam nuances raciais importantes: proporcionalmente, há mais evangélicos entre os negros do que entre os brancos. Embora o catolicismo ainda seja a religião majoritária em todos os recortes raciais, um em cada três brasileiros negros se declara evangélico, contra um em cada quatro brancos.

Essas mudanças indicam não apenas uma reconfiguração do mapa religioso brasileiro, mas também uma nova disputa por espaço político, cultural e simbólico num país cada vez mais plural — e, ao mesmo tempo, mais polarizado.

 

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