“Será o fim do planeta”; Rússia ameaça guerra nuclear se Ucrânia tentar retomar territórios ocupados

“Será o fim do planeta.” Com essa frase, o assessor de Vladimir Putin, Vladimir Medinski, elevou o tom da retórica russa e ameaçou uma guerra nuclear caso a Ucrânia, com apoio da Otan, tente retomar os territórios atualmente sob ocupação russa. A declaração foi feita nesta segunda-feira (9), durante uma entrevista à agência estatal russa Tass.

Medinski, que também lidera a delegação da Rússia nas negociações por paz com Kiev, afirmou que, sem um acordo duradouro, o cenário de cessar-fogo parcial poderia se transformar em um novo conflito prolongado. “Se não houver um acordo de paz real — apenas um cessar-fogo — isso vai se transformar, como aquela região disputada entre Armênia e Azerbaijão, o Carabaque. Depois de algum tempo, a Ucrânia, junto com a Otan e seus aliados, tentará retomar o território, e isso será o fim do planeta — será uma guerra nuclear”, disse.

Apesar das falas, o presidente russo Vladimir Putin declarou que apoia a ideia de um cessar-fogo, mas impôs condições rígidas: a Ucrânia deve abrir mão de cerca de 20% de seu território — regiões atualmente controladas pelas tropas russas — e abandonar a tentativa de integrar a aliança militar ocidental Otan.

Troca de prisioneiros reacende esperança humanitária

Mesmo com o ime político, um raro avanço foi registrado na frente humanitária. Nesta segunda-feira (9), Rússia e Ucrânia iniciaram uma nova rodada de troca de prisioneiros de guerra, que pode se tornar a maior já registrada desde o início da guerra, há mais de três anos.

Segundo o presidente ucraniano Volodymyr Zelensky, foram trocados principalmente soldados feridos e jovens com menos de 25 anos. “O processo é bastante complexo, com muitos detalhes sensíveis, e as negociações continuam praticamente todos os dias. Estamos fazendo todo o possível para trazer de volta cada uma das pessoas”, afirmou Zelensky, destacando que a troca será feita em etapas nos próximos dias.

Na semana anterior, representantes dos dois países haviam acordado a devolução de 1.200 prisioneiros de cada lado, além da repatriação de corpos de combatentes mortos. Uma primeira lista com 640 nomes já havia sido entregue à Ucrânia pelo Kremlin.

Guerra segue com ofensivas e ataques aéreos

Enquanto a diplomacia avança a os lentos, o conflito segue ativo nas frentes de batalha. Um ataque aéreo ucraniano com drones, realizado na semana ada, destruiu 41 aviões de guerra russos. Segundo imagens divulgadas por Kiev, os drones estavam escondidos em caminhões que circularam pelo território russo antes de atingir os alvos, em uma operação que surpreendeu analistas militares pelo nível de precisão e ousadia.

Duas rodadas de negociação entre Rússia e Ucrânia já foram realizadas desde o início do diálogo direto no mês ado. No entanto, ainda não há data marcada para uma nova conversa. A Ucrânia mantém como condição para um acordo de paz a devolução de todos os territórios ocupados — um ponto que Moscou afirma não negociar.